terça-feira, 8 de abril de 2014

RATOS DE PORÃO - 30 ANOS DE SOM ANTICAPITALISTA




Opinião de Edgard Leite de Oliveira


Ratos! Ratos!! Ratos!!! Ratoooos!!!! Com estes gritos ensurdecedores a platéia, que esgotou os ingressos com 15 dias de antecedência, saudava a entrada no palco da banda Ratos de Porão no último domingo (06/04) no Studio Bar em Belo Horizonte. Para mim, era a quinta vez que via a banda que me fez enxergar o mundo de outra forma aos 12 anos de idade e,  pensando que isso já faz 20 anos, este seria o mais especial.

A formação do Ratos de Porão foi Mingau (guitarra), Jão (bateria), Jabá (baixo) e João Gordo (voz), a mesma de 1984 quando gravaram e lançaram seu primeiro disco Crucificados pelo Sistema. A proposta foi voltar com esta formação e tocar as músicas desta época, o que fizeram com muito profissionalismo e entusiasmo.

Mas ao olharmos aqueles senhores de cabelos e barba brancas, com quase ou até mais de 50 anos, se divertindo como crianças, percebemos a dimensão da obra deles. Entre uma música e outra, João Gordo aponta para os colegas de banda e diz: “Estes caras são os percussores do HardCore no Brasil!”. De fato ele tem razão, se a década de 80 foi um marco para a música de protesto no Brasil, o Ratos de Porão foi fundamental para isso.

João Gordo no palco perguntou: “Sempre fomos uma banda antifascista? Sempre fomos uma banda anticapitalista?” Todos que estavam ali não tiveram  dúvidas ao responder um sim em alto e bom som. Filhos da classe trabalhadora do ABC paulista encontram trabalhadores e filhos de trabalhadores mais uma vez. Tem sido assim durante 30 anos, dizendo tudo que sempre disseram, jogando ácido ao comportamento e ao sistema capitalista. As músicas Pobreza, Crucificados pelo Sistema, Agressão/Repressão, FMI e outras, são a mais pura manifestação de ódio e protesto ao sistema capitalista.

Quando Ratos de Porão subiram ao palco domingo, se ergueu mais que do que uma banda, lá estava parte fundamental da história da música de protesto, pessoas que doaram sua vida à música e à arte fora dos grandes mercados da música tupiniquim e das modas radiofônicas. Enquanto a mídia e o mercado fonográfico buscam  suas novas tendências e modas, os intelectuais, hipsters e a esquerda festiva se perdem entre ídolos burgueses, mercenários do samba, MPB, novas bandas retrôs cópias da velha conservadora bosta nova, o Ratos de Porão seguirá com o som de protesto e o discurso anticapitalista, ainda bem.

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